quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

À GUISA DE CONVENIÊNCIA

Reitero
aos senhores coveiros
– em verdade, meus carcereiros –
que isentem de meu cadáver
as íntimas vísceras
chamadas bofes
não por agravo à terra
por afronta à morte:
os vermes desprezam estrofes!


Extraído do livro Cantos Erectos

IMAGO

O que era falo
hoje falópio
por amor de tuas trompas...


Extraído do livro Cantos Erectos

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

A FLAMEJANTE RADIOSCOPIA

Poeta é o inverso da lei!

À lei poeta é averso

Que poeta é sujeito a versos
Que poeta é sujeito Versus
Que poeta é sujeito reverso
da ordem que erode a ode
do abjeto dejeto no objeto

Que poeta
o que verbera verbo vero
persegue
desobstruir os veios do mundo;
Poemodiálise, Poemodiálise!
Que poeta
é o mártir alegríssimo
de seu gerúndio trajeto:
flama que garanha a fleuma
o poeta é o vetor do veto!


Extraído do livro Cantos Erectos

DUAS AMÉRICAS

Há uma América do Norte
E outra América do mórbido
Uma é América latrocina
Outra América Latina
Uma América acelerada
Outra a celerada e paulatina
Uma América da águia
Outra América da íngua
Uma América do mango
Outra América da míngua
Uma América legal
Outra América legista
Uma América do ludo
Outra América do luto
Uma América de cacifes
Outra América de caciques
Uma América do ócio
Outra América do bócio
Uma América da Cia
Outra América do cio
Uma América de saciados
Outra América de Sacis
Uma América de crepes
Outra América de crupes
Uma América de escritórios
Outra América de excretórios

Uma América sentinela
Outra América sentina

Uma América do Pentágono
Outra América das poliagonias

Há uma América do Norte
Deus salgue esta América.
Outra América da morgue:
salvem-na os que pudermos.


Extraído do livro Cantos Erectos